Num artigo publicado no site da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO ou OTAN), de 5 de abril de 2023, é chamada a atenção para uma forma de guerra psicológica, em que se transforma a mente humana numa nova frente de batalha.
Neste artigo o autor chama a atenção para novas formas de guerra, com a introdução das novas tecnologias e que envolvem agora toda a sociedade, já que nos encontramos cada vez mais interligados.
Torna-se por isso cada vez mais difícil, diferenciar entre informação legitima e manipulada.
Guerra Cognitiva é assim definida como: As atividades conduzidas, em sincronização com outros instrumentos de poder, para afetar atitudes e comportamentos, influenciando, protegendo e/ou perturbando cognições individuais ou de grupo, para obter vantagens. Estas atividades são variadas e podem abrangem o apoio/confirmação ou negação/conflito de componentes culturais individuais – Psicologia Social.
Isto significa que na guerra moderna, como guerra híbrida, o conflito armando não têm de trazer obrigatoriamente ganhos territoriais, já que os adversários podem conduzir a guerra cognitiva de forma continua no tempo, mantendo-se numa zona cinzenta, ligeiramente abaixo da necessidade de conflito armado.
Resultados destas ações de desinformações na população, resultam normalmente em dificuldades de distinguir factos da ficção, decadência da resiliência mental, e até perda de confiança nos média.
casos práticos
No mais recente conflito Israel/Palestiniano que teve inicio num ataque de forças do HAMAS a civis Israelitas, muitos a viverem em colonatos, a 7 de outubro de 2023, e de onde resultaram um elevado número de vitimas civis.
Caso 1
As informações veiculadas na altura desta reportagem, poucas horas depois do ataque inicial, dava conta de cerca de 40 bebes mortos, de forma especialmente bárbara, e que vieram a ser replicadas por vários órgãos de comunicação Mundiais, inclusivamente alguns canais Portugueses.
No entanto nem na Internet, ou nas redes sociais, onde estas denuncias, especialmente bárbaras, ganham rapidamente grande tração, vieram a ser confirmadas por qualquer tipo de confirmação visual, ou outras denuncias iguais.
Estas informações não foram confirmadas do lado de Israel, nem mais nenhuma prova foi apresentada para sustentar estas afirmações.
caso 2
A 17 de outubro de 2023 o Hospital Al-Ahli na Faixa de Gaza é sacudido por uma violenta explosão, seguida de um forte incêndio.
Logo se seguida começam a surgir nas redes sociais e nos canais televisivos, imagens de um Hospital cheio de gente com muitas pessoas feridas a entrar, enquanto outras deitadas no chão ensanguento, vão sendo tratadas, da melhor forma possível em condições dramáticas.
Uma das pessoas, que num dos vídeos corre no Hospital, refere que no local da explosão estariam largas centenas de pessoas, talvez “mais de 500 mortos”.
Sem haver possibilidade de associar os vídeos que surgem a seguir nas redes sociais, à explosão no Hospital, aparecem explicações do que terá acontecido; A que se mantém mais tempo, é a de que a explosão terá sido o resultado de um rocket lançado pelo HAMAS a partir de Gaza, e que depois de ter sido intercetado, restos do rocket caiem no Hospital e causam a tragédia.
A verdade é que as únicas imagens que surgem do hospital atacado, são as de um parque de estacionamento na periferia do mesmo; Não são visíveis sinais de uma cratera causada por qualquer rocket.
É difícil igualmente de comprovar, que as imagens de ferido e mortos que surgem a seguir a incidente, estão relacionadas com este incidente em especifico, ou foram recolhidas noutro momento.
conclusão
Esta guerra de informação e contra informação, acompanhada de imagens fortes, de vitimas inocentes em qualquer conflito, permite galvanizar a opinião publica num ou noutro sentido, valendo-se da dificuldade de avaliar a autenticidade da informação lançada, para comprovar a veracidade das alegações que tentam corroborar.